quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Excuse me while I post in my own language.

Espelho.


Há essa garota. Alguém que fez questão de colocar nela mesma um rótulo: algo normal como um slogan pegajoso e que se repete através dos anos. O que ela não sabia, porém, era que tal logo funcionava basicamente como uma fuga - do que ela realmente é, do que deseja ser, mas nunca do que foi.
Essa garota se alimenta de algo etéreo, diria até mesmo surreal. Algo que não se compra, não se acha facilmente, mas quando o feito, desperta desejos ocultos e profundos de uma alma das mais diferentes formas: música, poesia, cinema, leitura (boa leitura) e acima de tudo palavras.
Acredito que acima de todas as outras coisas, as palavras a encantam. Palavras que tocam o seu ser e são diferentes dos outros. Aquelas proferidas em bares sujos com poetas perdidos na vida real. Mais ainda, aquelas ditas por  alguéns inesperados, já vistos antes, mas que nunca haviam se pronunciado - essas então que a encantam.
É um alimento abstrato no sentido de não ser palpável, mas concreto no sentido de existir - filosoficamente falando. Algo que ela compartilha com personagens - julgados por ela como pessoas que procuram uma fuga da realidade e um medo do que é viver o que está ao seu alcance. A concretização desse combustível a mantém viva de maneiras estranhamente encaixáveis com o seu jeito rotineiro de viver.
Para muitos, ela pode ser encantadoramente charmosa, afrodisiacamente bonita e chamar atenção por cada esquina de detalhes da personalidade, mas quase nunca pela pele. Talvez a pele seja o mais secundário do que ela realmente é. Os homens acabam comprando essa poção de charme, afrodisíacos e fascínio. Mas compram justamente pelo efeito da droga: passageiro, como algo que 'alimentasse' a fome do vicio por coisas concretamente abstratas.
Do ponto de vista dela mesma, o difícil vai ser se encontrar. Talvez esse nem seja o verbo certo. Talvez o verbo certo seja se 'desesconder', se revelar. Fazê-lo num mundo onde ela seria rotulada como alguém com medo das convenções, do tradicional. Alguém que só achará paz quando o seu sexo oposto lhe oferecer o seu mesmo veneno.  Quando ela provar da sua própria poção. De um alguém que fomente a sede das artes, da beleza, da vida, do charme e faça com que ela transborde essas emoções.
Que esse alguém seja um. Todos em um. Um nela. Um.


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